"Berrôa" - 1958 - Foto SIPA |
Torre de Dona Chama
"«As coisas são o que são»
Clássica e pleonástica tolice!
Tola e sentenciosa opinião!
Clássica e pleonástica tolice!
Tola e sentenciosa opinião!
as coisas são o que o seu nome indica,
São o que a eufonia lhes predisse
E nelas sempre dominando fica...
São o que a eufonia lhes predisse
E nelas sempre dominando fica...
Há nomes donde o encanto se derrama,
Outros, que só ridículo nos dão.
Queiram ouvir: Torre de Dona Chama!
Contraste: Pampilhosa do Botão...
Outros, que só ridículo nos dão.
Queiram ouvir: Torre de Dona Chama!
Contraste: Pampilhosa do Botão...
Mal calculava talvez
Quem te serviu de madrinha
A boa escolha que fez!"
Quem te serviu de madrinha
A boa escolha que fez!"
Poema do Canto da Cigarra, 1910
Augusto Gil (1873-1929)
O poeta, que permanece no imaginário de muitos de nós como o autor da Balada da Neve[1], soube ver no nome daquela que hoje é a única vila do concelho de Mirandela, Trás-os-Montes, a sonoridade léxica que lhe empresta um misto de magia e ancestralidade.
Magia que nos remete para lendas de senhoras com pés de cabra, incontinentes nos seus amores e guerras entre mouros e cristãos que o imaginário rural construiu e soube trazer até nós.
Ancestralidade que nos recorda séculos de uma terra com raízes fundeadas em tempos longínquos, numa apologia da sobrevivência, longe dos centros do poder, contra o devir histórico.
É esta Torre de Dona Chama secular que estas páginas pretendem celebrar, deixando algumas pistas para todos aqueles que pretenderem conhecer melhor este pedaço do grande Reino Maravilhoso e servindo de rebate para os conterrâneos desatentos que, perdidos na voragem dos tempos, esquecem ser filhos de tão nobre terra.
[1] “Batem leve, levemente, como quem chama por mim…”
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