Uma
terra que não sabe preservar as suas tradições e a sua cultura, está morta ou,
pelo menos, moribunda.
Uma
terra que esqueceu a sua importância e que menospreza tudo o que os seus antepassados
construíram já não vive, embora, porventura, se esforce por sobreviver.
A “Festa dos Caretos” mereceu, ao longo dos
tempos, atenção de estudiosos e artistas sem qualquer particular ligação à
Torre de Dona Chama.
Os
estudos da austríaca Barbara Alge ou as performances
e pinturas do artista João Vieira são exemplo da importância cultural e
etnográfica reconhecida à “Festa dos Caretos”.
Ao
invés, os de Torre de Dona Chama, ao longo dos últimos anos, têm negligenciado esse
ancestral evento, reduzindo-o a uma noite de copos e manifestações carnavalescas
de gosto duvidoso e a uma desajeitada procissão em que se disparam uns tiros
para o ar e se incendeia um quadrado de esferovite.
Tudo
sem qualquer rigor histórico ou sentido da tradição, sem que a maior parte das
personagens participantes saiba, em rigor, o significado dos seus improvisados
gestos.
E
a culpa não é das várias comissões que, ao seu jeito, têm tentado manter a
festa viva, fazendo o que podem e sabem.
O
problema reside na completa ausência de agentes culturais que trabalhem, com
seriedade e rigor, as tradições da terra.
O
problema está na falta de comprometimento com a sua terra daqueles que a vida
melhor apetrechou.
Quantos
jovens licenciados a Torre de Dona Chama gerou?
Sendo
muitos, porque permitem que esteja moribunda a única associação cultural existente
na Torre de Dona Chama?
Porque
não põem os seus diversificados saberes ao dispor de uma associação cultural
digna desse nome?
O
problema não é de dinheiro ou de falta de espaços.
Exemplo
disso foi, há alguns anos, a forma como se desperdiçou o contributo de um
conterrâneo que doou um grande conjunto de bombos, os quais, por não terem sido
entregues a uma entidade responsável, foram, um a um, destruídos por aqueles
que os deviam preservar.
O
problema reside nos grupos e grupelhos que a vila de Torre de Dona Chama é
fértil em gerar, provocando a desunião e a desmotivação de alguns que gostariam
de contribuir para que a terra fosse minimamente activa culturalmente.
A
cultura não se constrói com slogans
ou com sarjas a servir de museus.
Os
“caretos” morreram na Torre de Dona Chama!
A
Torre poderia aprender com os exemplos de terras mais pequenas, como Podence,
em que se soube trabalhar um produto cultural, em todas as suas vertentes.
Na
Torre de Dona Chama prefere-se trazer para as suas festas as escolas de samba
ou os freestyle’s que nada têm a ver
com a cultura local e apenas a secundarizam.
O
primeiro post deste blog reproduziu um poema de Augusto Gil
que fala sobre o encanto do nome de Torre de Dona Chama.
É
por aí que temos que ir.
A
lendária moura “Dona Chama” é a melhor ideia que a Torre de Dona Chama pode
promover.
A
“Festa dos Caretos” deve cingir-se àquilo que sempre foi na sua essência: por
um lado, a sátira social expressa no “deitar os jogos à praça”; por outro lado,
a luta entre cristãos e mouros.
Mas
deve ser trabalhada.
Nada
se faz sem estudo e planeamento.
Estude-se
o que mais há de tradicional na festa.
Planeie-se
a execução dos tempos festivos e a “Festa dos Caretos” renascerá.
Há
gente que vive na Torre de Dona Chama que gostava de contribuir para isso.
Muitos
outros a vida levou-os para longe mas, nem por isso, desdenhariam também poder
contribuir.
As
redes sociais podem ser um veículo para algumas ideias germinarem e serem
partilhadas entre todos.
Os
torreenses, residentes ou não, têm o dever de ressuscitar a Torre de Dona
Chama.
O
futuro dirá se o querem fazer.
Bem, isto da tradição tem muito que se lhe diga... Para começar, a "moura" nao é moura no sentido de árabe ou muçulmana. Só o é devido à falsa interpretação cristã. Houve um tempo antes do cristianismo e a "moura" é uma palavra celta para gigante. E se formos por aí, a construção da Capela de Sao Brás foi um atentado à cultura e tradição, pois foi usada pedra do castro de onde vem a lenda da "moura". A cultura e tradição sao flexiveis... nada é eterno.
ResponderEliminarInforme-se e seja proativo, em vez chorar sobre leite derramado.
Cumprimentos de um transmontano no estrangeiro
É pena que o comentário surja como anónimo... Talvez me auxiliasse a informar-me e, já agora, me mostrasse, com a sua experiência, o que é ser proativo...
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